Estive pensando. Não quero ser a mulher que deixou em vida apenas cadernos espalhados com anotações de seus planos. Muito menos ser a que deixa seu celular desbloqueado, demonstrando a tormenta que deixou para trás, toda ilustrada nas dezenas de aplicativos sobre produtividade e resolução de metas. Todas incompletas. Não quero ser a que passou a rotina na frente de telas, buscando um tipo de conforto. Mas já não aguento finalmente conseguir uma folha de papel para escrever uma história importante e não conseguir.
Interrompo as distrações mas continuo me julgando inútil. Sinto meu corpo caído todo o tempo em diversos lugares. A cabeça, para compensar, trabalha tão rápido que não consegue externar nada. Penso o quanto perdi sobre mim mesma enquanto rolava o feed e pensava que deveria estar produzindo meu futuro. Esses episódios duram umas cinco horas. Eu poderia atualizar o meu blog abandonado que de alguma forma ainda me liga com o sonho adolescente. Não sei exatamente como, já que só contém textos que fiz para a faculdade. Que idiota seria eu se colocasse um texto pessoal em um possível portfólio? Eu estou cercada de mostruários da minha capacidade profissional que absolutamente ninguém vê.
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